sábado, 20 de junho de 2009

Fraquezas...



Sentado à beira da estrada, olhando o nada que tem tudo.

Tudo.

Tudo o que eu gostaria de ser, o que eu gostaria de ter.

O cheiro da poeira molhada, o ardor do asfalto ainda quente.

Hoje não vi nenhum pássaro no céu.

Hoje também ainda não me vi.

Meus olhos ainda ardem, refletem as cicatrizes da alma.

Sofrível.


Se eu me virar vejo o penhasco. Tão profundo, tão calmo, tão quieto.

Apenas esperando um desesperado abraçar-lhe.

Seria eu.

O desesperado.

Mas hoje estou estranhamente calmo. Meu instinto suicida tirou férias.

Consigo fechar os olhos e sentir o vento que aqui em cima é mais frio.

O oceano quebrando lá embaixo.

E o penhasco me chamando silenciosamente.

Abraço mais forte minhas pernas, apóio o queixo nos joelhos...


Olho no olho a vegetação me encara.

Encara meu lado envergonhado e fraco.

Fiz uma promessa: “vou mudar.”


Uma pausa.


Que mal haveria em te amar? Por que eu não pude te dizer adeus?

Por que Deus não me deixou te fazer um último cafuné?

Queria o teu amor só por um instante. Latente. Confortante.

Eu não fui o que quis ser, eu não disse o que queria te dizer.

Fraco.

Fui fraco demais.

Sei que te envergonhei.


Mudei de ideia.


Me atiro em teu encontro.

Me jogo nos braços desse penhasco verde e molhado sem fim...

Em qualquer outro lugar eu vou te encontrar e te dizer que te amo.

Meu peito arde, as roupas se desfazem, fecho os olhos pra sempre...

Eu tinha medo de um dia esse amor se desprendesse de mim.

Te amo demais.



Marília Araujo.




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