quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Se eu pudesse agradecer...

Se algum dia eu pudesse me sentar um só minuto ao lado de Deus, eu agradeceria à Ele por ter me emprestado você por 26 anos...

Lá no hospital.

É inevitável não lembrar daquele dia...
foi a última internação.
Você deitado naquela maca, transitando entre o real e o devaneio...
mas num pequeno momento de lucidez você se descobre
e me oferece um pedaço de maca e o teu calor
pra que eu não sentisse o frio...
gélido tempo naquela noite...

Me deitei sem jeito e sem espaço
mas o fiz só pra sentir o peso das tuas mãos grandes
a me acarinhar.
E foi assim que de repente ouvi:
"Te amo filhona, não chora... Por que você chora?"

Eu não respondi. Não dava. Chorei mais e mais.


--> Você não tem ideia do quanto me faz falta, do quanto eu te amo.
Marília Araujo.

Último tudo...

Quando foi o teu último sorriso?
Não sei, eu não estava lá.
Quando foi o teu último sono?
Não sei, eu não estava lá.
Quando foi a tua última refeição?
Não sei, eu não estava lá.

...
Mas se alguém me perguntar quem era você
eu saberei dizer...
Se me perguntarem que cor você mais gostava
eu saberei dizer...
Se me perguntarem que comida você gostava
eu saberei dizer...
Porque eu estive lá.
...
Naquele dia quando soube de você
senti uma fisgada no estômago
uma tontura
senti que o chão saiu de baixo de mim.

Quando eu vi desejei uma coisa só: que vc levantasse dali e me dissesse que estava bem.


Te amo, paizinho...
Marília Araujo.

Hoje não.

Hoje eu tô sentindo que vivo bem sem você...

Queria um hotel perto daqui pra dormir essa noite sem teu calor.

Não sei onde perdi o minuto entre o querer e o não querer

Eu vivia pra você

Respirava você

Meu sonho de uma vida inteira chegou ao fim


De repente nem sei mais quando deixei de te amar

Mas isso acontece assim

Quis o começo, estive no meio e cheguei no fim.

Não vejo mais doces os meus dias

Nem coloridos...

Nem as fotos me falam o que eu gostaria de ouvir.


O fato é que quando não se é bem tratado

Se esquece o fato de que a vida à dois não é um retrato.

Colorido e com sorrisos.


Quantas vezes eu te esperei com a porta aberta

Com a alma livre

Com o coração quente...


Quantas vezes quis cada pedaço de você...


Uma coisa é saber e outra é querer o que se sabe ser bom.

Quem sabe um novo dia e eu deixo meu desejo aflorar

Mas hoje não.

Hoje eu quero dormir sem você.



Minha autoria, Marília Pinto.