segunda-feira, 25 de maio de 2009

Juntando os cacos do vitral da minha vida....



Passei a vida toda juntando os cacos.

E tudo começou quando eu nasci... minha vida era como um vitral: colorido, transparente e inteiro.

Os anos foram passando, o vitral foi sujando... e de repente quebrou...

Foi a primeira vez que tive de juntar os cacos da minha vida. Perdida. Sem saber por onde começar.

É... comecei mesmo mudando de casa, mudando de vida, mudando... mudando... já não tinha mais os beijos matinais de meu pai, já não tinha mais quem me ajudasse na lição de casa.

Tentei colar os cacos que sobraram... não ficou a mesma coisa, cheio de remendos, mas era o meu vitral. Gostasse ou não disso.

Adolescência chegou. E com ela as espinhas, os amores, as coisas de menina, os conflitos...

Eu precisava cuidar do vitral, estudar, fazer balé, piano, visitar mamãe, papai. Conflitos em casa.

Resolvi me separar de tudo isso. Passei no vestibular. Quebrou o vitral mais uma vez...

Mudei de cidade, mudei de amigos, mudei de mundo, mais uma vez.... mais mudanças...

Quatro anos longe, quatro anos colando o vitral mais uma vez, quatro anos de provas, seminários, estudos, mais estudo, ansiedade, diversão, amigos, histórias de vida... chegou a hora de voltar.

Agora o vitral tinha muito mais falhas e estavam faltando alguns pedaços...

O reencontro com a vida de antes. O vitral se quebra mais esta vez... juntando os cacos de novo. Mais uma vez.

Agora resolvi não colar mais... não tem mesmo mais jeito... joguei os cacos pro alto. Depois caíram novamente no chão. Juntei-os. Desta vez enrolei-os num jornal e coloquei numa caixinha. Os guardei muito bem guardado. Pro vitral quebrado da minha vida nunca machucar ninguém...


Marília Araujo.

25/05/2009.



2 comentários:

BarelyEly disse...

E depois de guardar os cacos a luz não mais será colorida?

Mari Araujo. disse...

Será sempre colorida, metaforicamente. O vitral é um mosaico de cores artificiais... A vida é feita de cores naturais, as vezes você gosta do q vê. As vezes não. E é preciso conviver com isso.